"O artista é o viajante feliz que, após ter longamente navegado sobre as águas da dúvida, nas trevas do esforço, pode, enfim, bradar: terra!"

(Mikel Dufrenne)

sábado, 19 de setembro de 2009

A Fábula dos Monstros seus


Era uma vez uma vila – que de tão longe só nossa imaginação pode ver – nos quais seus moradores, apesar de honrados, trabalhadores, não enfrentavam seus monstros. Tinham medo e assim se fechavam.

O único lá que saía, era um jovem Cavaleiro de visões quixotescas; ele rompia portões e travava lutas sem iguais. Depois das batalhas os olhos dos outros moradores se enchiam de orgulho alheio; ele todo feliz voltava com a sensação de dever cumprido.

Um dia, porém, não saiu em nenhuma empreitada; foi olhando à sua volta e vira que tudo era igual, nada mudava depois das batalhas. As pessoas sorriam e continuavam suas vidas; ele por sua vez, perdera aos poucos aquela boa sensação. Desse dia em diante não saiu mais de casa.

As pessoas ficaram assustadas. Como enfrentar seus monstros? Tentaram de tudo para convencê-lo: deram-lhe armas novas, um cavalo mais rápido, uma armadura de ouro; nada fazia o nosso herói sair.

Quando menos se esperava o maior de todos os monstros apareceu; todos ficaram desesperados e se esconderam. O monstro, porém, queria apenas o jovem rapaz. Ele invadiu seu leito e o chamou à briga; deu-lhe alguns golpes, mas o jovem não reagia. Quando viu que nosso herói não se mexia começou destruir tudo que via à sua volta, para chamar a atenção dele e nada.

Os moradores da vila correram em apoio ao errante e espantaram o monstro.

Felizes, não viram quando como num passe de mágica sumira o nosso bravo, errante, heróico, destemido, Cavaleiro.

Moral da história: para enfrentar seus monstros às vezes não precisamos de nada.

(Michael Bonadio)

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