Este blog, sob responsabilidade de Alexandre de Melo Andrade, objetiva o contato com obras e teorias literárias, publicadas e inéditas, permitindo o diálogo entre os estudiosos desta arte e o acesso a estudos diversos abarcados por este universo.
(Mikel Dufrenne)
quinta-feira, 26 de março de 2009
quarta-feira, 25 de março de 2009
Noite fria
Noite escura
Escura como a alma
Alma que ama
Que ama intensamente
Ser insatisfeito
Ser imperfeito
Ser repleto de desejos
Lágrimas em vão
Horas perdidas
Só resta solidão
É a vida!
MINHA TERRA
Minha terra tem:
Crianças inocentes
Jovens inteligentes
Adultos surpreendentes
Idosos experientes
Tem frevo e maracatu
Feijoada e vatapá
Carnaval e festa junina
Dias ensolarados e noites de luar
Tem tragédias e chacinas
Desigualdade e injustiça
Crimes e abusos
Maldade e preguiça
É uma “bagunça” de cores
De amores
De humores
De horrores
Minha terra é uma mistura
Cheia de cultura
Uma loucura
Uma loucura!
Noites escuras e iluminadas de ternura
Tanta felicidade, agora tristeza
Me traz você em pensamentos de momentos
Cada vez mais distantes.
Morro por você, vivo de saudade
Ao lembrar de um passado ainda presente...
Ah! Se eu pudesse reviver nossos momentos,
Lacrados no fundo da mente como se fossem morte.
Oh! Covardia, que me dá coragem de procurá-lo
E dizer o quanto você ainda é importante.
Que ainda amargo saudade das doces lembranças.
Chamá-lo de amor, chamá-lo esperança.
Que mesmo de longe, o sinto perto de mim.
Pois doce é a vida, amarga é a distância.
SEDUÇÃO
Noites estreladas
Insônia, fascinação
Mulata faceira
Pura sedução
Calor ardente
Perturbação!
Desejo, volúpia, atração
Sentimento galopante
Num vai e vem estonteante
De um sonho de verão.
sexta-feira, 20 de março de 2009
dourados aspargos que cinderela cosia na manhã seguinte. Doirados reflexos esticavam-se dos seus olhos tenros ao ver a almiquia vegetal. Esticou o vestido partidário a um mendigo de amor. A agulha torcia as voltas emblemáticas da linha senil cor de areia. A agulha percorria a parte externa do artesanato, fio a fio, xis a xis perpendiculares esteiras de linha rente. A agulha inebria exausta fixava-se, respirava, deglute e vomitava. A agulha tal qual brinquedo de locomoção natalino quiçá findasse seu curso. Cansada cinderala abre a torneira da pia lamaçal. Mãos conchas retém o líquido que purifica, escravo de vida e morte, impulsiona o jogatino veneno nas tez oleosa do seu rosto. Ascende suas pálpebras, um espelho a temia. A imagem voltavam o vestido partidário, agora declinado da missão de cobrir o mendigo. Pedregulhos e estiragens cambaleam os dedos inóspitos da sereia. Curvas de caminhão de carga sobrecarregada. Outra imagem - jovial segredo adolescente desquitou-se sem auxílio de advogados.
BELEZA INTRUSA
Azul êxul,
Húmil,
Noivado
No rincão
Do branco
Núbil.
Pincelada
De um céu
Por terminar.
Ou ainda,
Céu suave
Coberto de nuvens.
Esgar
De intrusa beleza
Que quer viver
Em excesso de luz.
Arte ciência,
olhar experiência,
face ameixa,
na boca o acre-doce
revelando o matutino, o vespertino,
o noturno.
(Noturno — às vezes — tão soturno)
Três dimensões que trazem à baila
todo um palmilhar norteado de venturas,
desventuras,
que o viver não tem como frear...
Maria do Carmo Belizário.
Cumplicidade
Alheios ao mundo — sinto seu cotovelo junto
ao meu.
Ali — tranqüilos a limpar os peixes
entre as memórias do primeiro encontro... Olhar...
Cheirando a peixe toco seus cabelos
e você... Afável... Galhofeiro a falar de suas aventuras,
pescarias
como um grande menino esquecido do mundo.
No silêncio aconchegante da cozinha dividindo o espaço:
Eu e Você.
Você e eu entre a fala, às vezes, o silêncio
analisando nossas histórias enquanto se limpa
os peixes...
Longas histórias... Alegrias... Desventuras...
Passado que se fez amadurecer e hoje
sorrimos descontraídos no pequeno espaço,
em que nos acotovelamos a limpar os peixes.
De repente — estes são postos de lado — as
mãos se entrelaçam — as facas ficam sobre a pia
e os peixes se perdem em meio as escamas... Maria do Carmo Belizário.
Como arrumar as gavetas?
Separar as espécies:
à direita o tempo da paz,
alegria,
amor...
À esquerda:
a saudade,
a tristeza,
a dor...
Maria do Carmo Belizário.