"O artista é o viajante feliz que, após ter longamente navegado sobre as águas da dúvida, nas trevas do esforço, pode, enfim, bradar: terra!"

(Mikel Dufrenne)

sábado, 21 de maio de 2011

NOITE



Morrem os últimos raios do dia
sobre as águas tingidas pelo ocaso,
o azul do céu ressuma negro e raso,
e a sombra passa sinuosa e fria;
a noite recomeça a caminhada,
silenciosa, pela eterna estrada;
antes, vem Héspero a ditar-lhe o rastro
com a luminescência de seu astro.

Ó noite!, vem com teu manto sublime,
com teu espesso velame de vento
com a tua poção de esquecimento.
A paz em nosso coração imprime.
Ó noite!, vem, tão pura e sublimada,
alivia nossa alma angustiada;
com o teu canto, dá-nos esperanças,
como fazem as mães com as crianças.

(Marco Lucchesi)

sábado, 7 de maio de 2011

Tenho lido muito as obras poéticas do escritor contemporâneo Marco Lucchesi. Interessei-me por ele, num primeiro momento, quando li um texto crítico intitulado "Poesia brasileira contemporânea: multiplicidade e dispersão", de Domício Proença Filho. Então, comprei o livro Poemas Reunidos, que traz as obras poéticas de Lucchesi até o ano de 2000. Ali, fiquei impressionado com a originalidade do poeta. Ainda que seja uma poesia árdua pelo cruzamento que provoca entre poesia, história e filosofia, senti-me tragado por aqueles versos que exploram tão profundamento o tema do eterno retorno e da universalidade da poesia. Recentemente, adquiri sua última publicação, a obra em prosa O dom do crime. É impressionante como o autor consegue cruzar elementos da obra Dom Casmurro, de Machado de Assis, com sua própria história em andamento no romance. As coincidências entre a obra de Machado e a de Lucchesi vão pontuando o "dom"... ora o "Casmurro", ora o "do crime". Recentemente saiu a publicação de uma resenha que escrevi sobre O dom do crime, na revista Água Viva, da UnB. Abaixo, o link para a resenha: