"O artista é o viajante feliz que, após ter longamente navegado sobre as águas da dúvida, nas trevas do esforço, pode, enfim, bradar: terra!"

(Mikel Dufrenne)

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Ana Cristina César foi dessas poetas que marcaram a história da poesia brasileira pela intensidade vital de seus versos. Embora estivesse no contexto da Poesia Marginal, ousou uma escrita que, confundida com biografismos, revela uma poesia fragmentária e com tendências contemporâneas. Nascida no Rio de Janeiro em 2 de junho de 1956, a poeta cometeu suicído em 20 de outubro de 1983. Encontrei esses dias o seguinte poema, de Drummond, dedicado a ela:

Ausência



Por muito tempo achei que ausência é falta
E lastimava, ignorante, a falta..
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
Ausência é um estar em mim.
E sinto-a tão pegada, aconchegada nos meus braços
Que rio e danço e invento exclamações alegres.
Porque a ausência, esta ausência assimilada,
Ninguém a rouba mais de mim.


(Carlos Drummond de Andrade – Com o pensamento em Ana Cristina)