"O artista é o viajante feliz que, após ter longamente navegado sobre as águas da dúvida, nas trevas do esforço, pode, enfim, bradar: terra!"

(Mikel Dufrenne)

segunda-feira, 1 de março de 2010

Esta semana passarei por exame de qualificação de doutorado, na UNESP de Araraquara. Meu trabalho, intitulado A transcendência pela natureza em Álvares de Azevedo, proporciona uma discussão a respeito da construção de um universo fugaz criado pelo poeta em suas poesias, passando pela experiência estética da natureza em suas diversas manifestações devaneantes. Não vou resumir o trabalho nem falar sobre a elaboração dele, o que me ocuparia o tempo em demasia. O que me motivou a escrever hoje foi o entusiasmo por ter desenvolvido um trabalho com tanto prazer e satisfação. Todo trabalho crítico requer tempo, paciência e profunda reflexão, ainda mais por se tratar de uma tese de doutorado, onde o grau de originalidade é exigido... Quando iniciei o mestrado, em defesa da poética do mesmo autor, não imaginei que ficaria com Álvares de Azevedo por tanto tempo. Motivado pelo poeta, passeei pelas paragens de vários romantismos, de onde extraí conhecimentos que vão muito além daqueles expressos nas linhas da tese a ser finalizada. Acredito que antes do discurso crítico, há uma intersecção entre o autor e o leitor, provocada pela sensibilidade... É preciso "entrar" na obra literária, pois só assim será possível distanciar-se dela para dizer aos outros o que se observou. Considero realmente difícil dizer de uma obra sem antes fazer uma "entrada subterrânea" nela, deleitando-se com as formas abertas por ela aos nossos sentidos. O que move o trabalho do crítico não é apenas a curiosidade - como o seria no caso de um jornalista ou mesmo um cientista - mas a extrema necessidade de falar sobre a obra, de compartilhar os segredos da escritura literária e de nos revelar através dela. Meu trabalho não está pronto, ainda resta escrever um capítulo que me tomará um bom tempo após o exame de qualificação. Porém, já consigo ver claramente o caminho que trilhei até aqui na defesa desse ideal panteístico da poesia do jovem Álvares de Azevedo, e não tenho dúvida de que o que "desocultei" de sua obra me proporcionou momentos de intensa reflexão e de ousadia crítica e poética. Ressalto que meu trabalho e a produção intelectual realizada neste últimos três anos contaram com total apoio de meu orientador - verdadeiro guru intelectual - Antônio Donizeti Pires, a quem faço um enorme agradecimento.

2 comentários:

Edro disse...

eae tio, td blz? vamo fazer mais um sarau? c vc jah tiver alguma ideia me manda p email. abrass

Anônimo disse...

Alexandre, torço por vc. Boa sorte na sua qualificação. Espero chegar ao seu nível também.