"O artista é o viajante feliz que, após ter longamente navegado sobre as águas da dúvida, nas trevas do esforço, pode, enfim, bradar: terra!"

(Mikel Dufrenne)

quinta-feira, 26 de março de 2009

Edro Leone Fragali, aluno do curso de Letras da FABAN, possui um blog onde publica textos poéticos. Seu estilo oscila entre as tendências ultra-românticas do século XIX e a contemporaneidade. Visitem seus textos no seguinte endereço: http://exsoreternamente.blogspot.com
Alexandre.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Marcela da Silva Cordeiro, de Ribeirão Preto/SP, graduada em Letras pela Faculdade Bandeirantes, aventura-se às vezes pela produção poética. Seguem duas dessas produções:


Noite fria
Noite escura
Escura como a alma
Alma que ama
Que ama intensamente
Ser insatisfeito
Ser imperfeito
Ser repleto de desejos
Lágrimas em vão
Horas perdidas
Só resta solidão
É a vida!

MINHA TERRA

Minha terra tem:
Crianças inocentes
Jovens inteligentes
Adultos surpreendentes
Idosos experientes

Tem frevo e maracatu
Feijoada e vatapá
Carnaval e festa junina
Dias ensolarados e noites de luar

Tem tragédias e chacinas
Desigualdade e injustiça
Crimes e abusos
Maldade e preguiça

É uma “bagunça” de cores
De amores
De humores
De horrores

Minha terra é uma mistura
Cheia de cultura
Uma loucura
Uma loucura!

Ilza Amália Pereira, residente em Cravinhos/SP, é graduada em Letras pela FABAN-Faculdade Bandeirantes, e faz Especialização em Letras na Faculdade São Luís, de Jaboticabal. Abaixo, transcrevemos duas de suas produções poéticas:

Noites escuras e iluminadas de ternura
Tanta felicidade, agora tristeza
Me traz você em pensamentos de momentos
Cada vez mais distantes.

Morro por você, vivo de saudade
Ao lembrar de um passado ainda presente...
Ah! Se eu pudesse reviver nossos momentos,
Lacrados no fundo da mente como se fossem morte.

Oh! Covardia, que me dá coragem de procurá-lo
E dizer o quanto você ainda é importante.
Que ainda amargo saudade das doces lembranças.

Chamá-lo de amor, chamá-lo esperança.
Que mesmo de longe, o sinto perto de mim.
Pois doce é a vida, amarga é a distância.



SEDUÇÃO

Noites estreladas
Insônia, fascinação
Mulata faceira
Pura sedução
Calor ardente
Perturbação!
Desejo, volúpia, atração
Sentimento galopante
Num vai e vem estonteante
De um sonho de verão.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Ana Carolina Bianco Amaral, 22 anos, é graduada em Letras pela Faculdade Bandeirantes (2007). Estudiosa da literatura fantástica, Ana Carolina vem se dedicando à pesquisa desde 2006, quando desenvolveu monografia que objetivava a análise comparativa de contos fantásticos. Atualmente, cursa disciplinas como aluna especial na UNESP de Araraquara, e arrisca-se, vez por outra, à composição de contos e poesias. Segue, abaixo, um de seus contos:
síntese gerativa

dourados aspargos que cinderela cosia na manhã seguinte. Doirados reflexos esticavam-se dos seus olhos tenros ao ver a almiquia vegetal. Esticou o vestido partidário a um mendigo de amor. A agulha torcia as voltas emblemáticas da linha senil cor de areia. A agulha percorria a parte externa do artesanato, fio a fio, xis a xis perpendiculares esteiras de linha rente. A agulha inebria exausta fixava-se, respirava, deglute e vomitava. A agulha tal qual brinquedo de locomoção natalino quiçá findasse seu curso. Cansada cinderala abre a torneira da pia lamaçal. Mãos conchas retém o líquido que purifica, escravo de vida e morte, impulsiona o jogatino veneno nas tez oleosa do seu rosto. Ascende suas pálpebras, um espelho a temia. A imagem voltavam o vestido partidário, agora declinado da missão de cobrir o mendigo. Pedregulhos e estiragens cambaleam os dedos inóspitos da sereia. Curvas de caminhão de carga sobrecarregada. Outra imagem - jovial segredo adolescente desquitou-se sem auxílio de advogados.
Carlos Eduardo Marcos Bonfá, tem 25 anos, nasceu em Socorro/SP, é mestre em Estudos Literários (Letras) pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), sendo graduado em Letras pela mesma instituição. Já editou um livro (Ossos e ervas), foi premiado em concursos literários e participou de antologias e de revistas acadêmicas e especializadas. Contato: ce.bonfa@terra.com.br.
Abaixo, um de seus poemas:

BELEZA INTRUSA

Azul êxul,
Húmil,
Noivado
No rincão
Do branco
Núbil.
Pincelada
De um céu
Por terminar.
Ou ainda,
Céu suave
Coberto de nuvens.
Esgar
De intrusa beleza
Que quer viver
Em excesso de luz.
Maria do Carmo Belizário, professora de Literatura Brasileira e Teoria Literária na Faculdade Bandeirantes, de Ribeirão Preto, é mestre em Estudos Literários pela UNESP/Araraquara, e poeta. Abaixo, transcrevemos algumas de suas composições poéticas:
Maturidade


Arte ciência,
olhar experiência,
face ameixa,
na boca o acre-doce
revelando o matutino, o vespertino,
o noturno.


(Noturno — às vezes — tão soturno)


Três dimensões que trazem à baila
todo um palmilhar norteado de venturas,
desventuras,
que o viver não tem como frear...


Maria do Carmo Belizário.




Cumplicidade


Alheios ao mundo — sinto seu cotovelo junto
ao meu.
Ali — tranqüilos a limpar os peixes
entre as memórias do primeiro encontro... Olhar...
Cheirando a peixe toco seus cabelos
e você... Afável... Galhofeiro a falar de suas aventuras,
pescarias
como um grande menino esquecido do mundo.
No silêncio aconchegante da cozinha dividindo o espaço:
Eu e Você.
Você e eu entre a fala, às vezes, o silêncio
analisando nossas histórias enquanto se limpa
os peixes...
Longas histórias... Alegrias... Desventuras...
Passado que se fez amadurecer e hoje
sorrimos descontraídos no pequeno espaço,
em que nos acotovelamos a limpar os peixes.
De repente — estes são postos de lado — as
mãos se entrelaçam — as facas ficam sobre a pia
e os peixes se perdem em meio as escamas... Maria do Carmo Belizário.



Como arrumar as gavetas?


Separar as espécies:
à direita o tempo da paz,
alegria,
amor...



À esquerda:
a saudade,
a tristeza,
a dor...





Maria do Carmo Belizário.