"O artista é o viajante feliz que, após ter longamente navegado sobre as águas da dúvida, nas trevas do esforço, pode, enfim, bradar: terra!"

(Mikel Dufrenne)

sexta-feira, 20 de março de 2009

Maria do Carmo Belizário, professora de Literatura Brasileira e Teoria Literária na Faculdade Bandeirantes, de Ribeirão Preto, é mestre em Estudos Literários pela UNESP/Araraquara, e poeta. Abaixo, transcrevemos algumas de suas composições poéticas:
Maturidade


Arte ciência,
olhar experiência,
face ameixa,
na boca o acre-doce
revelando o matutino, o vespertino,
o noturno.


(Noturno — às vezes — tão soturno)


Três dimensões que trazem à baila
todo um palmilhar norteado de venturas,
desventuras,
que o viver não tem como frear...


Maria do Carmo Belizário.




Cumplicidade


Alheios ao mundo — sinto seu cotovelo junto
ao meu.
Ali — tranqüilos a limpar os peixes
entre as memórias do primeiro encontro... Olhar...
Cheirando a peixe toco seus cabelos
e você... Afável... Galhofeiro a falar de suas aventuras,
pescarias
como um grande menino esquecido do mundo.
No silêncio aconchegante da cozinha dividindo o espaço:
Eu e Você.
Você e eu entre a fala, às vezes, o silêncio
analisando nossas histórias enquanto se limpa
os peixes...
Longas histórias... Alegrias... Desventuras...
Passado que se fez amadurecer e hoje
sorrimos descontraídos no pequeno espaço,
em que nos acotovelamos a limpar os peixes.
De repente — estes são postos de lado — as
mãos se entrelaçam — as facas ficam sobre a pia
e os peixes se perdem em meio as escamas... Maria do Carmo Belizário.



Como arrumar as gavetas?


Separar as espécies:
à direita o tempo da paz,
alegria,
amor...



À esquerda:
a saudade,
a tristeza,
a dor...





Maria do Carmo Belizário.

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