"O artista é o viajante feliz que, após ter longamente navegado sobre as águas da dúvida, nas trevas do esforço, pode, enfim, bradar: terra!"

(Mikel Dufrenne)

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

O MELHOR FILME ESTRANGEIRO DO ANO

Aqui vai uma boa dica de filme: A PARTIDA, lançado em 2008, sob direção de Yojiro Takita, e vencedor de melhor filme estrangeiro. O filme trabalha magistralmente com a antítese morte x vida. O personagem Daigo, vendo seu sonho de tocar violoncelo profissionalmente ir por água abaixo, aceita (depois de certa hesitação) um trabalho visto de forma preconceituosa pela sociedade: manipular pessoas mortas, devolvendo-lhes beleza antes do ritual de cremação. Uma série de símbolos são arrolados durante a história, patenteando a relação que se tem com a morte no mundo moderno e contemporâneo. O som do violoncelo acompanha a maior parte do filme, insinuando uma relação entre a arte, a vida e a morte, de forma que a arte seja entrevista não como meio utilitário numa sociedade mercadológica, mas como instância que sinaliza o estar-no-mundo. Confesso que o filme me emocionou por, além desses aspectos, ainda permitir uma discussão a respeito dos laços de afetividade.



sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Literatura: entre a produção e o consumo. O que avaliar?

Foram eleitos, recentemente, os 10 melhores livros brasileiros da década, que seguem abaixo:



1. Dois irmãos – Milton Hatoum (Cia. das Letras)


2. Nove noites – Bernardo Carvalho (Cia. das Letras)


3. Eles eram muitos cavalos – Luiz Ruffato (Record)


4. O vôo da madrugada – Sérgio Sant’Anna (Cia. das Letras)


5. Acenos e afagos – João Gilberto Noll (Record)


6. Elefante – Francisco Alvim (Cia. das Letras)


7. Máquina de escrever – Armando Freitas Filho (Nova Fronteira)


8. O filho eterno – Cristóvão Tezza (Record)


9. Um defeito de cor – Ana Maria Gonçalves (Record)


10. Leite derramado – Chico Buarque (Cia. das Letras)


O julgamento foi feito por dez críticos e escritores especializados, e gerou polêmica no circuito televisivo e jornalístico, entre aqueles que acreditam ser injusta a classificação acima. O novelista Aguinaldo Silva, por exemplo, publicou em seu blog sua indignação por tratar-se de livros de pouca circulação nas livrarias, o que pôde constatar quando esteve em uma delas para comprá-los. Ainda fez crítica em relação ao livro “Leite Derramado”, de Chico Buarque, considerando que, ao folheá-lo, não sentiu interesse em lê-lo. Jean Willys, mestre em literatura, escritor e igualmente envolvido com televisão, endossou a visão de Aguinaldo Silva, dizendo haver “apadrinhagem” nessa escolha e que os escritores eleitos obedecem a critérios estéticos apenas para agradarem a essa crítica literária; o rapaz ainda inviabiliza a lista por considerar que os livros mais vendidos não fazem parte dela. Opiniões como estas corroboram a relação entre qualidade e consumo!...


Pensando nisso, voltei ao livro Altas Literaturas, de Leyla Perrone-Moisés, num trecho em que ela destaca o seguinte comentário de T. Adorno:


Não se deve buscar a relação da arte com a sociedade na esfera da recepção. Essa relação é anterior à recepção, e se situa na produção. O interesse do deciframento social da arte deve voltar-se para a produção, em vez de se contentar com sondagens e classificações dos impactos, que na maior parte das vezes, por razões sociais, divergem das obras de arte e de seu conteúdo social e objetivo. Desde tempos imemoriais, as reações dos homens às obras de arte são mediatizadas ao extremo e não se referem imediatamente à coisa.

Pensem nisso e tirem suas conclusões. Se quiserem compartilhar, deixem seus comentários, que será uma interessante discussão.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Olá, pessoal! Desculpem o tempo em que fiquei sem fazer postagens, mas é que aproveitei o período para me desligar um pouco de tudo... e foi necessário mesmo, pois 2009 foi um ano pra lá de cansativo, embora muito positivo. Aos poucos estou retomando meus afazeres, e confesso que senti falta de escrever no blog, compartilhar textos e ideias. Em tempos de "crise da sensibilidade", é um privilégio mantermos um espaço virtual que nos permita um contato através da literatura. É com grande alegria que reinicio este nosso contato!