"O artista é o viajante feliz que, após ter longamente navegado sobre as águas da dúvida, nas trevas do esforço, pode, enfim, bradar: terra!"

(Mikel Dufrenne)

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

A todos vocês que acompanharam nosso blog durante o ano, manifesto meus sinceros votos de que estas festas de fim de ano proporcionem alegria e união entre amigos e familiares. Desejo que estas férias sirvam para descanso, pausa e que novos projetos se apresentem para nos estimularmos em novos sonhos e desafios. Espero que as nossas postagens tenham contribuído para momentos de lazer, reflexão e estudo. Em 2010, aguardo sugestões, textos e comentários que enriqueçam os nossos estudos de literatura. Um grande abraço a todos, e muito obrigado!!!


domingo, 13 de dezembro de 2009

Ivan Junqueira é um dos grandes destaques da poesia brasileira contemporânea. O poema abaixo é de seu último livro: O outro lado.

INDAGAÇÕES

Na manhã fria e nevoenta,
inesperada dádiva neste verão que calcina
até mesmo a áspera pele das pedras,
pergunto-me afinal se valeu a pena
a aposta que fiz no infinito e na beleza,
em Deus e na eternidade, na poesia
que me abandona agora à própria sorte
na extrema fronteira entre a vida e a morte.
E um pássaro pousado em meu ombro
responde: não há vida nem morte, mas apenas
o sonho de alguém que, numa viagem,
julgou estar em busca do eterno,
sem saber que o que nos cabe
(e o que somos, tão fugazes)
é, se tanto, uma escassa chama que arde
e se apaga ao fim da tarde.

domingo, 6 de dezembro de 2009

A escritora Clarice Lispector realizou dezesseis pinturas sobre madeira em 1975, dois anos antes de sua morte. Não diferentes de sua literatura, suas pinturas causam impacto por aparente estranheza, seguida de sensações múltiplas que promovem a crise da subjetividade. Abaixo, seguem algumas dessas pinturas:

Medo
GrutaPássaro da liberdadeEscuridão e luz: centro da vida


Sem título

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Heidegger, filósofo contemporâneo, acreditava que a tecnologia afastou o homem do seu próprio ser, e que a poesia é a única forma de nos redirecionarmos a ele. George Steiner, comentando os pensamentos de Heidegger sobre poesia, diz:

NUM CERTO SENTIDO PERIGOSO, O POETA É UM 'RE-CRIADOR' QUE DESAFIA OS DEUSES AUSENTES, QUE FAZ O TRABALHO DELES NO LUGAR DELES, EMBORA SOB O RELÂMPAGO DE SUA VISÃO PRÓDIGA E CIUMENTA.

A POESIA REAL NÃO "IMITA", COMO DIRIA PLATÃO, NEM "REPRESENTA" OU "SIMBOLIZA", COMO A SUPÕE A TEORIA LITERÁRIA PÓS-ARISTOTÉLICA. ELA DENOMINA E, AO DAR NOMES, TORNA-SE REAL E DURADOURA.

O POETA DENOMINA O QUE É SAGRADO.

PENSAR, ESCREVER UM POEMA É AGRADECER SEJA QUAL FOR A MEDIDA DE RETORNO AO SER QUE ESTEJA ACESSÍVEL AO HOMEM MORTAL.

EM MEIO A UM NIILISMO E DESPERDÍCIO ESPIRITUAL DE QUE SEU PRÓPRIO STATUS SOCIAL E PSICOLÓGICO VULNERÁVEL O FEZ A MAIS AGUDA E MAIS AMEAÇADA DAS TESTEMUNHAS, É O POETA QUEM, SUPREMAMENTE, TALVEZ ATÉ SOZINHO, GARANTE O "REGRESSO" FINAL DO HOMEM À VERDADE NATURAL, A UM LAR SANTIFICADO NO MUNDO DOS SERES.